Em 1914, Freud estudou a “escolha narcisista do objeto”, juntamente com a escolha “anaclítica”, em cujo caso o indivíduo está em busca de alguém que venha a preencher um vazio de mãe original.
Spitz (1965) estudou, desde a década de 50, a “depressão anaclítica”, a partir da observação de bebês que, quando eram separados de suas mães, entre o sexto e o oitavo mês, apresentavam uma sintomatologia que “assemelha-se de forma impressionante aos sintomas que nos são familiares na depressão adulta”.
Bowlby (1969, p. 211), psicanalista inglês, descreveu o fenômeno do apego (“attachment”), que
consiste na necessidade de uma vinculação afetiva entre a mãe e o bebê, anterior e independente de
qualquer tipo de aprendizado, como o da alimentação, por exemplo. Esse autor comprovou que os bebês que precocemente foram privados de suas mães passam por uma série de três fases, as quais
ele denomina de:
a) protesto (a criança chora, esperneia e volta-se para qualquer ruído ou som que possa indicar a mãe perdida);
b) desesperança (a etimologia composta por “des” [sem] “esperança”, indica que o bebê “cansou” de esperar, sendo que esta fase é análoga ao penar do adulto);
c) retraimento (indica o desapego emocional e é correspondente à indiferença e desvalia da depressão adulta).
É interessante o fato de que se pode traçar uma equivalência entre o fenômeno de “hospitalismo”, de Spitz, o de “desapego”, de Bowlby e o da “síndrome de adaptação ao estresse”, descrita pelo fisiologista H. Selye.
A depressão anaclítica (muitas vezes denominada como “depressão essencial”) corresponde, nos casos mais graves, ao abandono de todo interesse e de todas as formas de investimento em objetivos e idéias. Há falta de motivação para continuar a viver – e até para lamentar-se –, daí, a gravidade quanto a um possível risco de suicídio.
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